quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Farinha do mesmo saco

Hoje fui obrigado a mudar minha rotina de férias, tive de ir a outra cidade que faz limite com o sul da cidade onde moro. Resolvi o que lá tinha de fazer e, como já estava lá mesmo, decidi dar uma passada no shopping, ver que filmes estariam passando e tal, coisa rápida, cheguei no shopping por volta das 13:45h, por um motivo que explicarei no próximo post, tive de ficar lá até as seis, sem absolutamente nada pra fazer. Como sempre fiz , nos momentos em que nada mais tenho a fazer, fiquei pensando na vida, mas isso logo passou, acabei que me distrai observando as pessoas, sentado em um banco, muitas vezes tive de ser rápido para poder observar tudo ao meu redor, talvez por fazer tempo que eu não saía de casa, qualquer coisa me chamava atenção.

Interessante o mundo e suas subdivisões, acham que estão sendo diferentes e originais ao se organizarem em clãs, em seitas. Emos, senhoras crentes, gays, pseudo-metaleiros, patys, boys, pit-boys, pessoas considerada “normais”,etc... dividiam o mesmo estabelecimento, todos no mesmo shopping, na mesma praça de alimentação, comprando na mesma loja, seguindo regrinhas estúpidas para participarem do seus devidos grupos. Se caham diferentes, mas não percebem que são todos iguais, todos farinha do mesmo saco. Eu? Também, no grupo das pessoas estranhas, o fato é que eu não faço nada pra pertencer a esses tipos de grupos, mas o não fazer nada, já é algo, portanto não me excluo. Somos todos o mesmo estúpido ser.

Muitos vagavam dando voltas pelo shopping atrás de algo que nem eles sabem, atrás da inclusão em algum grupo, tem de fazer aquilo, é isso o que tal grupo vai fazer agora, quem sou eu pra não participar, se eu não for junto, vestido do jeito do meu grupo, eu não farei parte de uma subdivisão da sociedade, logo, não farei parte da sociedade. Talvez eu não faça parte, ou faça. Outros se agarravam a qualquer pessoa na ânsia de fazerem o que todos fazem, pessoas que se percebe que não fazem aquilo por que querem, mas pra fazerem parte de algo, afinal, todo mundo faz, quem não faz, o que será?

Tudo isso, pra mim tão normal quanto as três únicas pessoas que falaram comigo dentro daquele shopping.

Um louco me pergunta que horas são e começa a me falar coisas sem nexo sobre o clima e o mundo, ou será que com nexo?

Outra velha conversava comigo sobre a aparição dela em um folheto de propagando do próprio shopping, talvez por necessidade de contar pra alguém fato de tanta importância, mas talvez nem estivesse falando comigo, haja visto que, ao sair de perto de mim, continuava a comentar tal assunto.

O último, um maltrapilho louco, ao passar por uma senhora da alta classe, olhou pra mim e comentou: Ô cadela!

O mais sábio que encontrei naqueles três andares de shopping.


Muita Estrela, Pouca Constelação

Raul Seixas

Composição: Raul Seixas/Marcelo Nova

A festa é boa tem alguém que tá bancando
Que lhe elogia enquanto vai se embriagando
E o tal do ego vai ficar lá nas alturas
Usar brinquinho pra romper as estruturas

E tem um punk se queixando sem parar
E um wave querendo desmunhecar
E o tal do heavy arrotando distorção
E uma dark em profunda depressão

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela, pra pouca constelação

Tinha um junkie se tremendo pelos cantos
Um empresário que jurava que era santo
Uma tiete que queria um qualquer
E um sapatão que azarava minha mulher

Tem uma banda que eles já vão contratar
Que não cria nada mas é boa em copiar
A crítica gostou vai ser sucesso ela não erra
Afinal lembra o que se faz na inglaterra

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela, pra pouca constelação

E agora vem a periferia


O fotógrafo, ele vai documentar
O papo do mais novo big star
Pra'quela revista de rock e de intriga
Que você lê quando tem dor de barriga

E o jornalista ele quer bajulação
Pois new old é a nova sensação
A burrice é tanta, tá tudo tão a vista
E todo mundo posando de artista

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela, pra pouca constelação
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