quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O que me irrita, me cansa.

23 de dezembro, dia estúpido, o natal me faz aflorar os piores sentimentos em relação à humanidade. Toda essa hipocrisia me irrita, durante o ano todo, poucos se preocupam com valores éticos e morais, tudo bem, não vou reclamar, cada um que faça a sua própria lei e que pague por ela, mas não, não se contentam com isso, agora todos estão desejando as melhores coisas para seus semelhantes. Que lindo! O pior não é nem a hipocrisia pura e simples, mas a ingênua certeza que esses hipócritas têm de que realmente são pessoas boas. Todo mundo posa de santinho agora.
Fui à uma cidade vizinha, uma celebração natalina, sim. Sou eu mais um hipócrita? Tanto faz, não sou eu que vou me julgar, mas pelo menos nunca deixei de admitir que meus interesses eram outros, nunca disse que iria em prol da celebração. CB, Cu de Bairro que se auto denomina-se cidade, sempre a vi assim, bairrismo meu, sim, mas bairrismo deles também. Praça central, ainda tava de bom humor, mesmo em meio àquela gente que acha que o mundo gira em torno daquele valo. Uma torre, não muito alta, mas significativa, para o tamanho do lugar. Sempre gostei de lugares altos, me dão tonturas, e gosto delas, não sei se pelo desafio ou pelo puro sentimento. Fiquei um tempão lá em cima, olhando as “ovelhas” andando para um lado e pro outro da praça, achando que têm algum objetivo em suas vidas. Cegas! Cegas, mas felizes, às vezes queria ser como elas, mas só às vezes. Lugares assim me acalmam, e me fazem pensar na vida. Mas sempre tive tentações, e uma das mais fortes de todas, foi o de me atirar de lugares altos. Independente da minha situação sentimental, da minha depressão, sempre fico tentado a fazer isso. Tenho um pouco de receio de um dia essa tentação meio hipnótica me vencer. No colégio, nos dias em que isso estava mais aguçado, evitava sentar-me perto das janelas, a vontade era intensa. Ali na torre, não foi diferente, várias vezes pensei em fazer isso, desviei meus pensamentos, mas logo voltavam.
Depois de descer, a estúpida celebração, como isso me irrita, me perturba muito. Aquelas porcarias acabaram com meu dia.

No dia seguinte, véspera de natal, tomei banho de piscina, água me estimula a sonhar ou pensar na vida, sempre no mar ou em piscinas, ficava horas e horas imaginando como seriam tais situações, meus desejos, meus anseios, minhas necessidades. Mas depois tive passar o natal com gente que eu não conheço, pra uma pessoa normal, uma boa oportunidade pra conhecer novas pessoas, pra um fóbico social, o terror materializado, situação desagradável ao extremo, até o simples ato de cumprimentar torna-se um martírio, parece exagero, mas só entende quem passa por isso, quem tem esse bloqueio nessas horas. Lá, horas intermináveis, todos no praticando a popularidade social, a necessidade de aparecer frente aos outros. Eu, apenas observava o ambiente, tudo me parecia tão patético, tão frívolo e superficial, mas, pensando bem, combina bem com a data. Mais uma vez, acabei me irritando com tudo isso. Eu nunca consigo me inserir, sempre pareço um espectador frente à tv, sempre entediado, mas sem trocar o canal.

Passada toda essa babaquice natalina, minha vida continua a mesma, até então estagnada, ou pior, regredindo, isso me abala, isso me lembra anos terríveis, anos que me deixaram mais fortes, mas que não os quero de volta. Meu desespero se reflete na minha depressão, no meu emocional, na minha necessidade de afeto, palavras não me faltam, tato sim. Preciso de realidade, só a internet não me supri mais.

Parece que tento recuperar todos os anos perdidos e, como não consigo, me decepciono cada vez mais. Meu humor tá uma montanha russa, alguns momentos estou bem, outros estou péssimo, o problema é o único momento em que fico estável, é uma estabilidade pra baixo. A vontade agora é de deletar tudo, msn, orkut, facebook, esse blog, tudo. Parece que nada adianta mais, parece que tudo está contra mim, que nada dá certo, parece que está tudo acabado! Minha vontade é vagar sem rumo por aí.
Parece que até o tapete sem mim, voou.

It's All Over Now, Baby Blue

Bob Dylan


You must leave now, take what you need, you think will last.
But whatever you wish to keep, you better grab it fast.
Yonder stands your orphan with his gun,
Crying like a fire in the sun.
Look out the saints are comin' through
And it's all over now, Baby Blue.

The highway is for gamblers, better use your sense.
Take what you have gathered from coincidence.
The empty-handed painter from your streets
Is drawing crazy patterns on your sheets.
This sky, too, is folding under you
And it's all over now, Baby Blue.

All your seasick sailors, they are rowing home.
All your reindeer armies, are all going home.
The lover who just walked out your door
Has taken all his blankets from the floor.
The carpet, too, is moving under you
And it's all over now, Baby Blue.

Leave your stepping stones behind, something calls for you.
Forget the dead you've left, they will not follow you.
The vagabond who's rapping at your door
Is standing in the clothes that you once wore.
Strike another match, go start anew
And it's all over now, Baby Blue.





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